ATA DA TRIGÉSIMA OITAVA SESSÃO SOLENE DA QUINTA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA NONA LEGISLATURA, EM 20.10.1987.

 


Aos vinte dias do mês de outubro do ano de mil novecentos e oitenta e sete reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Trigésima Oitava Sessão Solene da Quinta Sessão Legislativa Ordinária da Nona Legislatura, destinada a homenagear os trinta e cinco anos da Faculdade de Comunicação Social da PUC, RS. Às dezesseis horas e trinta e sete minutos, constatada a existência de “quorum”, o Sr. Presidente declarou abertos os trabalhos e convidou os Líderes de Bancada a conduzirem ao Plenário as autoridades e personalidades presentes. Compuseram a Mesa: Ver. Brochado da Rocha, Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre e proponente da presente Sessão; Ir. Liberato, Vice-Reitor em exercício da PUC; Sr. Ennio Rockenbach, representando neste ato, o Prefeito Municipal de Porto Alegre, Dr. Alceu Collares; Jorn. Antonio Firmo de Oliveira Gonzales, Diretor da FAMECOS; Jorn. Alberto André, Presidente da Associação Rio-grandense de Imprensa; Sr. Ari Reginatto de Bernardes, Presidente do Conrerp; Sr. Nei Remedi de Souza, Presidente do Sindicato de Relações Públicas; Sr. Hugo Filippini, Presidente da ABRP; Cap. PM Juarez de Oliveira, representando, neste ato, o Comandante-Geral da Brigada Militar, Sr. Cel. PM Jerônimo Braga; Acad. Luciane Cristina Lunardi, Coordenadora do Centro Acadêmico Arlino Pascoalini; Ver. Frederico Barbosa, 2º Secretário da Casa. A seguir, o Sr. Presidente leu correspondência recebida referente ao evento e concedeu a palavra aos Vereadores que falariam em nome da Casa. O Ver. Brochado da Rocha, em nome das Bancadas do PDT, PDS, PT, PL e PC do B, comentou a importância desta data, que simboliza a sobrevivência da Faculdade de Comunicação Social da PUC, dizendo do significado dessa faculdade para a população. Declarou que a liberdade não se conquista só com armas, mas, principalmente, com idéias, e essas idéias são levadas através dos comunicadores para o povo. Comentou o significado da FAMECOS como “celeiro de profissionais” dos meios de comunicação, pois a comunidade não pode ficar à merce daqueles que não possuem um código de ética profissional. Disse, ao finalizar, que não há sociedade democrática sem comunicação, declarando o apoio irrestrito desta Casa à FAMECOS. O Ver. Raul Casa, em nome da Bancada do PFL, disse que a homenagem de hoje engrandece esta Casa, ressaltando possuir a FAMECOS a missão de responder ao desafio de formar os responsáveis pela área da comunicação social do País, de tanta importância para a formação do homem atual. Comentou Projeto de Lei de sua autoria, aprovado pela Casa, que designa logradouros públicos da Cidade com os nomes dos Irmãos Paulo e Getúlio, falando da importância que tiveram S. Sas. e que, ainda hoje, possui a PUC para a formação humana e técnica dos jovens gaúchos. O Ver. Lauro Hagemann, em nome da Bancada do PCB, teceu comentários acerca da instituição dos cursos de jornalismo no País e, em especial, em Porto Alegre, analisando a grande responsabilidade que precisa ter a categoria dos jornalistas frente a sua importância dentro de uma sociedade. Falou sobre a possibilidade de extinção do curso de jornalismo, discorrendo sobre os reflexos que essa medida, caso seja adotada, acarretará, com prejuízos para o recebimento de uma informação correta pela população, elemento essencial para a manutenção da liberdade e para o combate ao domínio ideológico ditatorial de uma Nação. E o Ver. Flávio Coulon, em nome da Bancada do PMDB, leu histórico acerca da Faculdade de Comunicação Social da PUC, comentando sua formação e desenvolvimento e após, disse que homenageava a entidade através da PUC, do corpo docente e discente daquela Universidade. Comentou a importância da FAMECOS no processo social, através da formação de seus profissionais. Ao finalizar, homenageou a FAMECOS através da Relações Públicas desta Casa, Magda Xavier Parker, dizendo que se esta representava o produto final daquela Faculdade, a FAMECOS poderia parabenizar-se pelo seu trabalho. Durante os trabalhos, o Sr. Presidente registrou a presença, no Plenário, dos Senhores João Firmo de Oliveira, Presidente do Sindicato das Agências de Propaganda, e do Sr. Leonnel Tonmiges, representando o Sr. Secretário Estadual do Trabalho e da Ação Social. A seguir, o Sr. Presidente concedeu a palavra Sr. Antônio Firmo de Oliveira Gonzales, Diretor da Faculdade de Comunicação Social da PUC, que discorreu sobre a FAMECOS e sua importância para a comunidade, renovando o compromisso de continuar lutando por uma comunicação sadia, por maior mercado de trabalho mas, sobretudo, por uma comunicação que ajude nosso País a se tornar uma Nação livre. Após, o Sr. Presidente concedeu a palavra ao Ir. Liberato, Vice-Reitor em exercício da PUC, que discorreu sobre os profissionais do jornalismo e a importância do trabalho desta categoria para o Brasil. Em continuidade, o Sr. Presidente fez pronunciamento alusivo ao evento, convidou as autoridades e personalidades presentes a passarem para a Sala da Presidência e, nada mais havendo a tratar, levantou os trabalhos às dezoito horas e sete minutos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Brochado da Rocha e Frederico Barbosa e secretariados pelo Ver. Frederico Barbosa. Do que eu, Frederico Barbosa, 2º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após lida e aprovada, será assinada pelos Senhores Presidente e 1ª Secretária.

 

 


O SR. PRESIDENTE (Frederico Barbosa): Estão abertos os trabalhos da presente Sessão Solene destinada a homenagear os 35 anos da Faculdade de Comunicação Social da PUC-RS.

Com a palavra o Ver. Brochado da Rocha, que falará em nome das Bancadas do PDT, PDS, PT, PL, PC do B.

 

O SR. BROCHADO DA ROCHA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Srs. Convidados:

Desde já, tenho cuidado de ser rigorosamente simples, pois não poderia eu, de forma alguma, tentar sensibilizar um plenário tão seleto, com tão doutas e ilustres figuras, mas, sobretudo, com pessoas tão ágeis em comunicar e sentir o que lhe vão na alma. De outra parte, sendo eu integrante desta Casa por tantos anos, tenho um pleito de respeito e, sobretudo, de inibição, quando vejo aqui presente o ex-Vereador, Alberto André, que deixou tantas lições, tantos ensinamentos nesta Casa. Mais ainda, tenho dificuldade para adentrar o mundo da inteligência e do saber, eis que estamos a homenagear uma Faculdade dos Meios de Comunicação nos seus 35 anos. Mas, desde já, com a timidez necessária e a prudência conveniente, quero dizer que este ato, neste ano, não só tem a característica própria da passagem de mais uma data ou da sobrevivência de uma Faculdade, mas ela tem um inexorável simbolismo para representar, para todos nós da Cidade de Porto Alegre o apreço, o carinho e respeito que temos pelas Faculdades de Comunicação e, especialmente, com Faculdade que ora homenageamos. Eis que sobre ela avançam alguns em tentar retirar aquilo que nós, brasileiros, já havíamos conquistado, ou seja, os nossos homens que labutam nas comunicações tenham a sua escola, a sua origem, o seu diploma. Por isso, neste ano, é sumamente importante que a Cidade de Porto Alegre expresse não só o nosso apreço na data comemorativa, mas, sobretudo, o nosso repúdio a todos e quaisquer que queiram impugnar, que queiram desestabilizar e não legitimar o saber para a comunicação.

Meus senhores e minhas senhoras, nós sabemos que o mundo que nos cerca hoje se pode ser guiado por idéias também pode ser guiado por armas, e ambas conjugadas aterrissam nos meios de comunicação. E a Faculdade ora homenageada, congregando três cursos na área, resume aquilo que nós desejamos preservar, ou seja, a conquista de um aperfeiçoamento para aqueles que vão aos meios de comunicação devidamente instruídos e informados e, sobretudo, que receberam um conteúdo humanístico e social importante. Não desejamos, Magnífico Reitor da Pontifícia Universidade Católica, não desejamos, Sr. Diretor da Faculdade, que os meios de comunicação sejam alcançados e exercidos por aventureiros, sem nenhum conhecimento, sem nenhum compromisso e sem que saibam eles, nem mesmo a história dos meios de comunicação, e muito menos que não saibam os códigos de ética que devem embasar as comunicações sociais. Muito mais, queremos cumprimentar a Universidade como um todo e a Faculdade, ora homenageada, em particular, para dizer que apesar dos descaminhos traçados pelas leis que reformularam o processo de educação do Brasil, especialmente aquele que é o famoso convênio MEC/USAID que oferecia tudo para as ciências exatas e retirava das ciências sociais toda a importância e todo o apoio, foi exatamente nesse momento que a Famecos mais cresceu. Este dado é para nós muito importante. O convênio MEC/USAID, acredito que o Prof. Cirne Lima uma vez o definiu muito bem, quando ele resistia que esse convênio e diretrizes traçadas para o ensino brasileiro e quando ele disse que não permitiria que as cinzas ferruginosas adentrassem e subissem as escadas da Faculdade de Direito. Todos nós labutamos exatamente no oposto, dentro das ciências humanas e sociais, sabemos quanto foi difícil para uma universidade, para uma faculdade se manter. Por isso, e por tudo isso nos sentimos à vontade não só de apreciarmos os trabalhos que ora realiza a Faculdade dos Meios de Comunicação, mas sobretudo de deixarmos escrito e deixarmos todos nós em prontidão para prestigiá-la não só no sentido formal, mas no sentido de a todo o momento dizer que os nossos olhos, que os nossos sentimentos se encontram voltados até onde os senhores vieram, pois lá os senhores estão a esculpir, a lapidar a pedra preciosa que são os estudantes que os senhores recebem e que formarão a opinião pública brasileira e que informarão o Brasil. Os Senhores, com os seus conhecimentos, e abrindo as suas portas, estão a obstaculizar o caminho de aventureiros, daqueles que não têm nenhum compromisso com nada, e sobretudo não têm o compromisso com o saber. E, não tendo o compromisso com o saber, não têm eles o compromisso com a sociedade brasileira. Pergunto: poderíamos ter pessoas e aventureiros a simplesmente anunciar fenômenos desde o simples problema de um bico de luz até o problema ocorrido em Goiás sem que tivessem de parte dos senhores homenageados a direção, o sentido e o conhecimento necessário? Uma sociedade hoje que cada vez mais se insere, tornando os continentes rigorosamente próximos e os seus problemas limítrofes, sem ter homens que trabalhem em comunicação com saber, com conhecimento. Seria realmente temeroso de nossa parte se enveredássemos por esse caminho.

Permitam-me, ainda, fazer uma digressão e dizer que quando fundada a faculdade que ora estamos a homenagear, menino ainda ouvia os barulhos e ouvia o comemorar e, agora, querem destruí-la.

A Faculdade que ora estamos a homenagear é uma conquista nossa e foi um trabalho dos Senhores, por isso, estão Sessão Solene foge, ou refoge do formal e passa a ser, para nós outros, um ato de afirmação, um ato de aplauso aos Senhores que cunharam e seguraram essa difícil tarefa até o presente momento, mas, sobretudo, de irrestrito apoio quando ao futuro e quanto ao presente. Aos homens que labutam na área de oferecer o saber, nem num dia de festa é dado o direito de não refletir, por isso, me sinto à vontade para dizer que esta festa, que este ato solene rigorosamente passa pelo caminho da nossa mais irrestrita solidariedade, da nossa permanente disponibilidade para prestigiar e de uma forma ou de outra contribuir para que esta faculdade modelarmente constituída cresça mais, como se fosse possível isso, apesar da sanha daqueles que querem mutilar o conhecimento nacional.

Hoje, Sr. Reitor, Srs. Presidentes, não há sociedade democrática sem meios de comunicação democráticos e eles só poderão ser exercidos, no mínimo, se as pessoas tiverem uma carteira de identidade profissional. E querem transformar os homens que mexem com a comunicação no Brasil como homens que não têm nem a carteira de identidade profissional para oferecer como credibilidade a quem os ouve, ou quem os escuta, ou quem recebe a informação ou a formação. Por tudo isso, me permiti sair das pompas, sair das  homenagens, deixar de citar os longínquos anos de 1948, de invocar Irmão Afonso, de repassar, de repisar, de analisar a figura de Irmão Otão, de traçar loas ao Irmão Faustino João, deixar de citar Cláudio Candiota e até de não falar quase, senão no princípio, no Prof. Alberto André e nem mesmo no nosso Antônio Gonzales. Peço perdão a todos eles mas entendo que, como homens públicos, temos que sobrevoar sentimentos, um incrível sentimento de identidade, de saudade, que pode-nos imolar, de não fazer história aqui, a fascinante ciência de fazer história e de ser contador de história para ser, simplesmente, aquele que lhes pede: continuem, sua obra é profícua, é necessária, é obrigatória, para que tenhamos um país melhor e tenhamos nós assegurados os nossos destinos. Obrigado aos homenageados. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Brochado da Rocha): Com a palavra o Ver. Raul Casa, que falará pela Bancada do PFL.

 

O SR. RAUL CASA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Srs. Convidados: ilustres e queridos convidados, devo confessar que não era minha intenção dirigir a palavra aos Senhores, nesta oportunidade, já que havia proposto que assim o fizesse, em nome da nossa Bancada, o Ilustre Presidente da Casa que, em boa hora escolheu para homenagear a nossa Famecos.

Muitas são as distinções que esta Casa nos proporciona, mas, sem dúvida, um ato como este engrandece o homem público, gratifica-o. E foi exatamente na Sala da Presidência, ao me deparar com tantas figuras que dizem muito de perto, especialmente a mim; Irmão Liberato, Irmão Faustino, Irmão Elvio Clemente que me conhecem, seguramente, desde o tempo em que fui alfabetizado por eles no Colégio Rosário, foi que me animei em dirigir a palavra neste ato de homenagem à Faculdade de Meios de Comunicação Social da PUC.

Este é o registro que a Casa do Povo de Porto Alegre presta àquela Faculdade que tem a missão de moldar a opinião pública, de responder ao fascinante e permanente desafio que toca no homem, que toca na família, que toca na comunidade, que toca no País, que cria e amplia-se pelo mundo, que o da comunicação social. É o exercício da formação dos homens que vão formar a opinião pública, que a nossa PUC, a nossa Famecos, exercem no seu mister. Esse ato, sem dúvida, transcende, e já o disse o nosso Presidente, em muito à entidade homenageada. Recordo-me do muito que recebia naqueles corredores do Colégio Rosário, na nossa PUC, na Praça. D. Sebastião, onde meu pai se formou, eu me formei e onde meus filhos hoje freqüentam.

Não poderia deixar de trazer algumas invocações emotivas para traduzir da forma que posso e devo a minha gratidão e quem tanto fez, a quem tanto me ajudou. Foi com emoção que, vendo essas figuras que hoje nos visitam, transmiti a eles que esta Casa havia aprovado um Projeto, de nossa autoria para gizar e fixar na história desta cidade, através da homenagem desta Câmara, duas figuras que muito me marcaram: o irmão Paulo e o Irmão Getúlio. Recordo-me uma vez, numa dessas dúvidas que se abate sobre a juventude e fui buscar um conselho com o Irmão Paulo. Ele me repetiu uma frase que sempre levo quando me assalta uma dúvida: “Quando uma estrela te chamar, segue-a. Se ela te conduzir ao pântano da vida pouco importa; dele sempre Deus te dará forças para sair, mas, se não a seguires poderás passar a vida toda te atormentando com o pensamento de que talvez aquela tivesse sido a tua estrela.” Foi com conselhos como este que fiz vestibular para a Famecos - confesso que cursei apenas dois anos. Fiz o curso de Direito. Sendo Relações Públicas, integrante da folha nº 1, com o nº 11 de Registro Profissional, sinto-me muito gratificado em divagar e recordando sempre Ruy: “Enquanto houver uma réstia de esperança não há porque nos desesperçarmos da sorte do bem. A injustiça pode impacientar, a verdade jamais se impacienta, porque é eterna.” Quando praticamos um ato de bem não sabemos se é para hoje ou para quando, a verdade é que seus frutos podem ser tardios, mas são certos. Alguns plantam a semente da couve para a colheita do amanhã, outro a semente do carvalho para o abrigo do futuro, aqueles, os egoístas, plantam para si e estes plantam para a felicidade do gênero humano. Assim é a nossa PUC, planta para a felicidade do gênero humano e,  ao comunicar, formalmente, que esta Casa aprovou nome de ruas para o Irmão Paulo e Getúlio, presto à Famecos, que engloba os cursos de Jornalismo, Relações Públicas, Turismo e Propaganda, a minha humilde, mas muito sentida homenagem, dizendo que esta Casa - e já o disse o Presidente - se sente compensada em prestar uma homenagem tão importante em momentos tão tumultuosos e dramáticos como os que nós vivemos. Por isso, eu me congratulo com o feliz Vereador Brochado da Rocha que teve a idéia de prestar esta homenagem e me gratifico em rever este grupo de queridos professores que aqui se encontra, prestando e recebendo a homenagem pela Faculdade dos Meios de Comunicação Social, pelo partido que represento, dizendo do fundo da minha alma aos Irmãos Maristas que conheço, como se minha família fossem: Muito obrigado! Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Sr. Ver. Lauro Hagemann, que falará pelo PCB.

 

O SR. LAURO HAGEMANN: Prezado Ver. Brochado da Rocha, Presidente desta Casa; ilustres autoridades universitárias, meus colegas jornalistas, compondo a Mesa, senhores professores, convidados, Vereadores.

Em nome do Partido Comunista Brasileiro, eu poderia me sentir muito à vontade para falar nesta Sessão Solene em homenagem aos 35 anos da Famecos. Mas, também, como já referiu o Ver. Brochado da Rocha, autor da Proposição, não posso me despir de uma certa timidez, que em mim é natural, e de uma prudência que a vida me ensinou, sobretudo nas minhas quatro quadras de exercício profissional como jornalista.

A instituição dos antigos cursos de jornalismo no País, especialmente em Porto Alegre, representou inegavelmente um avanço no campo educacional, no campo da técnica, e, sobretudo, para o aperfeiçoamento do exercício profissional do jornalismo. Este fato nos leva a refletir sempre e cada vez mais sobre a grave responsabilidade que se abate sobre esta figura hoje imprescindível na sociedade moderna.

O jornalista não é um ser à parte, não detêm a hegemonia do conhecimento, mas deve procurar sempre aperfeiçoar-se, para poder exercer a sua atividade com a maior responsabilidade, com o mais profundo senso de humanidade, que hoje esta atividade requer daqueles que estão nesta profissão. Hoje se verifica no País uma grande discussão sobre a extinção dos cursos de jornalismo, dos cursos de comunicação social, com a possibilidade de se abrir o exercício profissional para qualquer um. Parece que estamos voltando à época do positivismo, não parece que a sociedade caminha para adiante. Escondida sob a capa de uma argumentação de ordem econômica, a não exigência do diploma de bacharel em comunicação social revela, no fundo, uma preocupação política. Os homens de comunicação - tenho dito e repito aqui mais uma vez - não podem ficar à margem do processo da evolução social. E comunicação se faz, principalmente, de gente para gente e, sobretudo, com gente. Nenhum engenho humano conseguiu ainda substituir o homem nesse processo de comunicação, porque é a ele que se dirige o que se poderia, talvez, chamar de ciência. Talvez cheguemos a isto. O que se pretende, com esta medida, é ferir de morte o direito que tem a sociedade de ser informada corretamente, o que se pretende é destruir a organização social que, por trás desta atividade, consolida este processo. Afastada a necessidade da exigência do diploma, as nossas entidades ficariam reduzidas a nada. Tenho dito e repito mais uma vez: a comunicação é o último elo da cadeia de dominação total que se pretende fechar e ela só não é fechada porque, no meio, existem homens. E estes homens, que hoje fazem a comunicação, não se deixarão encadear. É um processo longo e doloroso.

Não pretendia, neste breve discurso, despretensioso, fazer uma reminiscência histórica, mas eu também sou egresso de um curso de Jornalismo, que depois mudou para Curso de Comunicação Social. Não defendo a exigência do diploma numa atitude corporativista. Vejo a coisa mais longe. É uma necessidade social a exigência de uma preparação adequada para aqueles que vão exercer, estão exercendo, uma função tão importante na sociedade. Por isto, saúdo com efusão o 35º aniversário da Famecos. Eu era então um jovem estudante secundarista quando a Famecos, então curso de Jornalismo da PUC, foi criado e se constituiu no ano de 1952. E a prova de que a criação e a instituição destes cursos de formação profissional no campo do jornalismo foram bem entendidos pela comunidade que então atuava na área, é que os maiores nomes do jornalismo porto-alegrense ingressaram no curso. Nós tivemos figuras respeitáveis que foram freqüentar os bancos acadêmicos para obterem o seu diploma. Já eram advogados, eram jornalistas conceituados. Lembro, por exemplo, o nome patrono do Centro Acadêmico da Faculdade: Arlindo Pasqualini - é um formado da primeira turma de jornalismo da Famecos, entre vários outros nomes muito conhecidos daquele tempo. A existência dos Cursos de Comunicação Social preenchem uma necessidade e nunca é demais repetir que eles devem prosseguir na sua missão. Se às vezes nós, profissionais do ramo, lamentarmos que os cursos não tenham a proficiência que nós desejaríamos, isto é uma tarefa que a nós também cabe, de procurar melhorá-los. Aprendi muita coisa no então curso de jornalismo da Universidade Federal, pendurado como um apêndice na Faculdade de Filosofia; mas sobretudo o curso me ensinou que ao jornalista cabe um profundo senso de responsabilidade na sua tarefa, uma atuação ética capaz de fazermos aquilo que até não sendo cristão já diz a Bíblia como princípio ético mais universal que se conhece: “Não façamos aos outros o que não queremos que nos façam”.

Srs. representantes da PUC, da Famecos, Professores e Vereadores, neste dia em que a Câmara homenageia o 35º aniversário da Famecos, nos é muito grato participar desta solenidade, porque ela tem um profundo sentido social, não só para Porto Alegre, mas para todo o Estado, para todo o País. E é preciso que nós, jornalistas, egressos dos cursos de Comunicação Social, persigamos a máxima de Lênin: “Estudar, estudar; estudar.” Meus parabéns, Famecos. (Palmas.)

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Flávio Coulon, pela Bancada do PMDB.

 

O SR. FLÁVIO COULON: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Srs, Convidados: falar depois dos Vereadores Brochado da Rocha, Raul Casa e Lauro Hagemann é uma das tarefas difíceis, mas me propus a saudar a Famecos em dois tempos, primeiro transcrevendo para os anais desta Casa, para que depois, quando forem consultados no futuro,  saibam aqueles que os lerem, alguma coisa a respeito da Famecos. Para tanto me vali de uma publicação que me foi cedida própria faculdade. De modo que peço desculpas a alguns convidados que já devem conhecer este texto, mas transcrevo em homenagem à Famecos: “A Faculdade dos Meios de Comunicação Social - Famecos tem suas origens no Curso Superior de Jornalismo, que começou a atuar em 1952 integrado à então Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul - PUCRS.

O Curso de Jornalismo foi autorizado a funcionar pelo Decreto nº 29831, de 31 de julho de 1951, iniciando suas atividades no ano imediato. Foi oficialmente reconhecido, conforme legislação da época, pelo Decreto nº 39008, de 11 de abril de 1956, sendo que em 1964 à Escola de Jornalismo, deixando de operar integrado à Faculdade de Filosofia. Em 1º de dezembro de 1965, ampliou sua área de ação e constituiu-se na Faculdade dos Meios de Comunicação Social, sendo a primeira a usar este nome em todo o País.

O nome da Faculdade - explica o irmão Elvo Clemente, que acompanha o curso desde a sua fundação - foi baseado no documento pontifício Inter-Mirifica, que dá a visão da Igreja sobre os meios de comunicação social.

Funciona no prédio nº 7 da “Cidade Universitária da PUCRS”, que foi especialmente construído para ensino da Comunicação Social, possuindo cinco departamentos, 17 salas de aulas, dois anfiteatros, um auditório para conferência e projeções, ... duas salas de redação, laboratório fotográfico, estúdio de rádio, estúdio de cinema e dois estúdios completos para televisão, com equipamentos a cores e preto e branco, sendo que estes também atendem aos alunos da Faculdade de Educação e aos serviços da Vídeo-PUC, produtora independente mantida pela Universidade.

Dispõe das agências experimentais de propaganda e relações públicas, que servem para a realização de estágios curriculares e também prestam serviços ao público externo e interno. Na Faculdade é editado o jornal laboratório “Experiência” e são produzidos programas de rádio e televisão para divulgação em circuito interno e em emissoras da Grande Porto Alegre e do interior do Estado, como também filmes em curta metragem que têm obtido premiação em festivais regionais e nacionais.

Está ligada ao Brasil e ao mundo através de convênio celebrado com a Agência JB, que também lhe envia por teletipo o noticiário básico da Associated Press - AP.

Considerada uma das mais importantes escolas do gênero em todo o país pela qualidade de ensino, a FAMECOS também se caracteriza por uma perfeita integração com o mercado de trabalho de seus professores e alunos, participando com as atividades das entidades de profissionais e empresários. Todos os anos, juntamente com as instituições, promove cursos de extensão e outros eventos, entre os quais salienta-se o Festival e Fórum da Propaganda de Gramado, Seminário Panamericano de Relações Públicas, Ciclo de Integração de Relações Públicas, Seminário de Jornalismo do Interior, Seminário para Assessoria de Comunicação Social, Cursos de Atualização em Artes Gráficas e Cursos de Atualização de Rádio e TV. Seus professores, por sua vez, ocupam funções diretivas ou deliberativas em diversas entidades, seguidamente atuando como conferencistas, palestrantes ou debatedores em promoções regionais e nacionais.

Conta, atualmente, com mais ou menos 2000 alunos regularmente matriculados, já tenho diplomado cerca de mais de 3000 profissionais nas áreas de Jornalismo, Relações Públicas, Publicidade e Propaganda e Turismo.

Foram seus diretores, ao longo desses 35 anos:

- Prof. Ir. José Otão - de 1952 a 1954

- Prof. Jorge Godofredo Felizardo - interino de 1955 a 1956

- Prof. Ivo Wolff - de 1957 a 1960

- Prof. Dante de Laytano - interino - 1960

- Prof. Ir. Faustino João - de 1961 a 1963

- Prof. Cláudio Goulart Candiota - de 1964 a 1969

- Prof. Alberto André - de 1969 a 1976

- Prof. Antonio Firmo Oliveira Gonzalez - de 1977 até hoje.”

Feito este registro, como primeira parte de minhas palavras, me coloco para enfrentar a segunda parte como indagação que também foi dos meus colegas: como saudar a Famecos? Saudar a Famecos através da PUC que em um determinado momento de sua vida teve a clarividência, teve a visão prospectiva da importância dos meios de comunicação social e lá por 1952 dar início, plantar a semente deste curso ou homenagear a Famecos falando, por exemplo, dos seus Diretores, aonde vemos nesta lista figuras que representam a evolução perfeita deste órgão, desde o Irmão José Otão, aquele genial Engenheiro Matemático, aquela figura da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, quando estudava lá, o meu querido Prof., realmente, era um grande violinista e que dá uma dimensão de como é que a PUC, como é que a FAMECOS entendia que deveria serem conduzidas as coisas. Falar do Prof. Dante Iaitano, falar do Ir. Faustino, Cláudio, falar desta figura eterna, graças a Deus, de Alberto André que eu não sei se é ele, se ele é o jornalismo ou se o próprio jornalismo, ou se a própria cidade de Porto Alegre. Eu fico pensando e vendo esta figura que a própria ARI, figura eterna cujo retrato está aqui e que nunca cansamos de reverenciar como grande Presidente desta Casa e que, esta Cidade para poder homenageá-lo na sua perfeita dimensão vai ter que mudar de nome. Vai ter que mudar de Porto Alegre para Alberto André, porque vai faltar homenagem para este homem. Falar no atual Diretor, o jornalista Antônio Firmo, que possivelmente seguirá a trilha de Alberto André e será, sem dúvida, uma das grandes figuras desta cidade ou homenagearia a PUC, com professor da Universidade, homenageando os professores. Esses professores que eu também considero homenageados, porque mais do que nós, que dia a dia ao compulsarmos os meios de comunicação não temos a noção exata da resposta que o produto que nós professores colocamos no mercado, está dando, mas que vocês, professores, têm esta exata noção. Ou homenagear a Famecos, através de seus alunos que, com seu idealismo, que pagam para se formarem e entrarem neste mercado e para serem aqueles que tão bem o Ver. Lauro Hagemann colocou, aqueles que tentarão segurar o fechamento desta cadeia que é a entrega total dos meios de comunicação aos interesses alienígenas desta pátria. Certamente os professores e alunos sabem que muitos serão engolfados pela máquina, mas é sabido também que uma grande parcela desta tem resistido e essas janelas de democracia que temos tido, em toda nossa imprensa, é sem dúvida o reflexo do que esses alunos têm aprendido nas Faculdades. Com todas essas dúvidas, homenageio a entidade Famecos, englobando a PUC, os Diretores, os Professores e os alunos e aqueles todos brasileiros que, de uma maneira ou de outra ganham as benesses do que esta Faculdade tem conseguido colocar em termos de publicidade, de jornalismo, de turismo e de relações públicas. Para não me alongar muito, eu, como professor da Universidade, fico pensando que seria uma bela homenagem se alguém me dissesse que os alunos da minha Faculdade estão saindo bem informados, que os seus trabalhos estão sendo reconhecidos. Vou chamar, como exemplo disso, uma figura muito importante desta Casa, que é a Magda Parker.

Eu quero dizer para os senhores o seguinte: se a Magda representa o produto final da Famecos, esta santa do Presidente que todos os Vereadores invejam nesta Casa, - há pouco ela me dizia que é egressa da Famecos - eu quero cumprimentar o Curso de Relações Públicas da Famecos. Conforme eu dizia, se há um elogio para uma Faculdade de formar bem os seus profssionais, e se a Magda é representativa, vocês estão formando muito bem os profissionais de vocês. Esta moça, como todas as outras que a antecederam, aqui, nesta Casa, realiza um trabalho muito elogiável, um trabalho sensacional, um trabalho que significa a Faculdade que a formou. De modo que, prestando esta homenagem a Magda, eu presto uma homenagem aos alunos egressos da Famecos. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: A seguir, temos a honra e a satisfação de conceder a palavra ao Antônio Firmo de Oliveira Gonzales, Diretor da Famecos.

 

O SR. ANTÔNIO FIRMO DE OLIVEIRA GONZALES: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Srs. Convidados: Aconselharam-se que aqui comparecesse com um discurso redigido, pré-formulado e, sinceramente, o pensei em fazer. Dois motivos poderiam me levar a isso: primeiramente, a emoção que toda a pessoa é acometida, ao receber uma homenagem que não é a ela que se destina, mas a uma instituição que, na realidade não é uma instituição que pertence à PUC, mas a toda a comunidade. Segundo, o sabe Lauro Hagemann, que me acompanha há mais de trinta anos nas lides jornalísticas, que a grande dificuldade que tenho de expressão verbal é o motivo pelo qual nunca me dediquei ao rádio e televisão. Mas preferi assim mesmo, com eventuais falhas, com eventuais atropelos de palavras, vir aqui, falar na Casa do Povo, para os representantes do povo, com o coração voltado a eles, que representam toda a comunidade.

Aprendi a admirar esta Casa e muitas vezes, na minha atividade profissional como jornalista e como professor, é possível que tenha estado, inclusive, em posições antagônicas à da própria Câmara de Vereadores, ou de seus integrantes. Mas, sem dúvida alguma, tanto nós, como profissionais da comunicação social, como os Vereadores que integram esta Casa estamos voltados a um único fim no que se refira a esta Capital, que é o progresso e o bem estar de Porto Alegre. Sr. Presidente, agradeço, inicialmente, a homenagem que V. Ex.ª teve por iniciativa prestar a Famecos, homenagem, repito, que não é da Famecos e exporei, durante estas breves palavras, o porquê disto. É uma homenagem de toda a comunidade. Agradeço a suas bondosas palavras, assim como agradeço os pronunciamentos dos Vereadores Raul Casa, colega de profissão, Lauro Hagemann, também colega de profissão que, conosco, tenta viver as glórias da comunicação social, que tem sido uma trajetória de sacrifícios na história de todo este País, e do Ver. Flávio Coulon que, além de palavras de ânimo e regozijo, registrou nos Anais desta Casa uma rápida memória do que seja a Faculdade de Comunicação Social.

Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Minhas Senhoras e meus Senhores, está-se neste País, neste momento, a falar com a verdade em segmentos da sociedade. Felizmente, um pequeno segmento, que deveria, acima de tudo, ter um comprometimento maior deveria, acima de tudo, ter um comprometimento maior com a verdade ou somente com a com as atribuições que lhe foram delegadas e pelas atividades que exercem. Está a se dizer que a Comunicação Social precisa sofrer o que dizem ser uma evolução e na verdade é uma involução, por representar princípios corporativistas. Não é uma realidade, é um exame rápido de como se processou esta evolução porque aqui chegamos a desde logo demonstrar que houve na realidade, não esforço de categorias funcionais isoladas, mas um esforço de todas as categorias ligadas ao processo, seja de trabalhadores e profissionais, seja da própria comunidade.

Em 1918, quando foi realizado neste País o Primeiro Congresso de Jornalistas e fundada a Associação Brasileira de Imprensa, João Guedes de Mello, em oportuna tese já defendia a criação dos então cursos de jornalismo e a regulamentação profissional a nível superior. Sua proposição, aprovada por unanime no Congresso, obteve o consenso de profissionais e empresários. Em 1946, quando os cursos foram instituídos e regulamentos somente em 46, o Governo Federal assim o vez por pressões de empresários e de profissionais. O primeiro curso de Jornalismo criado neste País, a Escola Kasper Lieber de São Paulo, desenvolveu-se dentro de uma empresa e hoje como Faculdade de Comunicações ainda pertence a uma empresa. Os cursos posteriores, entre os quais, o curso de Jornalismo da PUC, o curso de Jornalismo da UFRGS, terceiro e quartro em ordem cronológica, tiveram sua origem em movimentos profissionais e empresariais conjuntos. Criados os cursos, as regulamentações profissionais, seja dos jornalistas, a de 1961 com o Sr. Jânio Quadros, 62 com Sr. João Goulart, 63 com o Sr. Tancredo Neves, como Primeiro Ministro, o atual, regumentação oriunda de 1969, também foram resultados de estudos conjuntos entre profissionais e empresários, ouvidos ainda diversos segmentos da sociedade.

Fato idêntico ocorreu com as demais regulamentações profissionais da área de Relações Públicas, Publicidade e Propaganda e na área de rádio e televisão. Portanto, quando se está a dizer que essas conquistas são ilegítimas, não os são porque foram resultado de consenso, está a se falar com a verdade. Isto é que é o problema e é toda uma realidade. Dizem em especial da regulamentação dos jornalistas profissionais que é ilegítima por que foi obtida como tantas outras durante um regime de exceção deste País. Concordamos que o foi: 1969 era época de exceção dentro da exceção. Mas esta regulamentação foi obtida, saiu vitoriosa porque mesmo em período difícil do País, comunicadores sociais, muitos dos quais os exemplos estão aí, não silenciaram as suas vozes mesmo com o risco ou com a vida para obter as conquistas que acharam justas. É de se perguntar aos que nos detratam se são  ilegítimas as regulamentações obtidas durante o período, por que não consideram ilegítimos os canais de televisão, as freqüências de rádio, obtidas no mesmo período e as restitui democraticamente ao mesmo governo para que democraticamente sejam devolvidas a concessionários? É de se perguntar, se são ilegítimas as regulamentações se também não são ilegítimas as polpudas verbas publicitárias colhidas por alguns veículos durante este período e por que então estas verbas publicitárias não são restituídas ao poder público? Concordamos e o fazemos não em nome de profissionais, de professores e de estudantes que tais regulamentações mereçam evolução, mas mereçam evolução para o aperfeiçoamento no sentido de acompanhar a própria evolução da comunicação social e nunca um retrocesso. Isso é o que as categorias estão a lutar contra - é contra a involução, contra o retorno, como disse o nobre amigo Lauro Hagemann, o retorno ao positivismo, o retorno ao passado, o retorno ao obscurantismo. Se como expliquei, a evolução da comunicação social é uma conquista de profissionais e empresários e de toda a comunidade, a Famecos também o foi, a Famecos surgiu de uma idéia, de Faustino João aqui presente que com a colaboração maciça dos empresários da época ligados à Cia. Jornalística Caldas Júnior, ao Diário e Emissoras Associados e a entidades como o Sindicato dos Jornalistas e Associação Rio-grandense de imprensa, lideraram esse movimento para instalação do primeiro curso aqui no Sul e o terceiro do País, o mesmo ocorrendo com o curso que lhe sucedeu, na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, que teve como líder um Diretor de Jornal, o falecido Prof. Ernesto Corrêa, pessoa ilustre nesta Cidade, pessoa lúcida, que combateu até o fim da sua vida para que tivesse uma comunicação social digna. Vemos, aqui, pessoas que participaram dessa movimentação. Faustino João, Alberto André, um dos primeiros professores do curso, Élvio Clemente, que acompanhou o desenvolvimento e a história de toda essa faculdade e toda a sua evolução sempre teve a participação maciça da comunidade. Quando o Curso, em 1964, foi transformado em Escola de Jornalismo para atender a evolução do próprio Jornalismo, o foi para atender os justos reclamos da comunidade. Quando foi transformada em Faculdade dos Meios de Comunicação Social, em 1965, já era se antecipando ao que o Conselho Federal faria em 1969, instituindo os cursos de comunicação social neste País. Mas por quê houve essa antecipação? Porque essa faculdade sempre funcionou em razão do mercado de trabalho, em razão do mercado profissional, sem estar subjugada a ele. Nós funcionamos em vista do mercado, mas no sentido de fazê-lo evoluir para uma comunicação democrática, uma comunicação que realmente atenda aos anseios de toda a sociedade. Quando, posteriormente, e o Prof. Alberto André era Diretor da Escola nessa oportunidade, resolveu a Famecos equipar-se, para ministrar um melhor ensino, para dar guarida aos justos anseios de nossos estudantes, o fez pensando também no mercado de trabalho.

Somos, hoje, Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Amigos, no “ranking” nacional das escolas de comunicação, entre as 66 existentes no País, a terceira colocada. É motivo de orgulho à Famecos mas também motivo de preocupação, porque sabemos que, embora seja uma Faculdade bem equipada, uma Faculdade que têm professores esforçados e competentes, uma Faculdade que tem alunos dedicados, ainda resta muito a conquistar, porque não nos basta uma evolução intelectual; queremos continuar persistindo, dentro de um princípio que tem consagrado a orientação marista através dos anos de que o homem está aqui para prestar serviços à comunidade ao qual está integrado, respeitando as individualidades. Não somos grandes, estamos procurando ser. Estamos procurando crescer cada vez mais, mas em benefício da própria comunicação e de alunos. Estamos conscientes de que formamos profissionais para a comunicação social, para o turismo imbuídos com o princípio de servir. Também queremos formar profissionais conscientes, compromissados, com a liberdade de informação, com manifestação de pensamento, conscientes de que essa liberdade que o jornalista apregoa, que o relações públicas, o publicitário, é uma liberdade que não lhes pertence. Pertence a toda a comunidade e, que por delegação tácita através dos tempos foi destinada aos comunicadores sociais para que o façam em nome de toda a sociedade. É uma liberdade que deve ser exercida em nome da verdade e com responsabilidade.

Vou encerrar, não pretendo me alongar, mas quero renovar os compromissos da Faculdade de Comunicação Social, de sua direção, de seus professores, e também de seus alunos, um compromisso de continuarmos lutando por uma comunicação social sadia, por uma integração com o mercado de trabalho e o mercado empresarial, mas sobretudo de continuarmos em nossa luta para que gaúchos, para que brasileiros tenham uma comunicação social adequada, uma comunicação social que ajude este País a superar os momentos difíceis que vive, uma comunicação social para que tenhamos um País livre e onde todos os brasileiros tenham bem-estar. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: A seguir, com a palavra, o Magnífico Vice-Reitor em Exercício da Pontifícia Universidade Católica, Irmão Liberato.

 

O SR. IRMÃO LIBERATO: Ilustre Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre, distintas autoridades e membros desta Mesa; Minhas senhoras e Meus senhores:

Até há relativamente poucos anos passados, os jornalistas eram florações espontâneas nascidas do próprio esforço, - sacrificadas gerações autodidatas, que supriam por si, com duplicada operosidade a ausência de uma formação cultural prévia e metódica, tão necessária a quem deseja cumprir, com fidelidade e nobreza, as responsabilidades enormes dessa profissão.

Todos nós sabemos que os profissionais da comunicação social são chamados diariamente a opinar sobre tantos e tão variados assuntos sociais, políticos e econômicos, sobre tantos e tão complexos acontecimentos novos e emergentes, que de instante a instante incidem em seu mister, que para tal, sem dúvidas alguma, eles devem possuir um grande cabedal de acontecimentos científicos e técnicos que os habilite a esse título e que justifique sua nobilitante missão.

Ninguém pode opinar com segurança sobre assunto que desconhece. Ninguém pode instruir sem instruir-se previamente. Ninguém pode educar - e os jornalistas, os radialistas e demais profissionais da Comunicação Social, são antes de tudo educadores de multidões - sem primeiro educar-se a si mesmos, sem primeiro forjar o seu próprio saber e seu caráter, na fonte apropriada para esse fim: A escola superior e especializada de Comunicação Social. Os grandes laboratórios de idéias são incontestavelmente as escolas, os jornais e demais veículos de Comunicação Social. Cabe ao profissional da imprensa e da comunicação social em geral zelar pela dominância das idéias mais nobres, das doutrinas mais puras, e impedir a expansão de ideologias maléficas.

Em boa hora, ainda com certa timidez inicial, a PUC-RS fiel ao seu lema “ad verum ducit” lançou em 1952, há precisamente 35 anos, o seu Curso de Jornalismo, que veio a constituir-se ao depois nesta magnífica realidade que é a atual Faculdade dos Meios de Comunicação Social. Em meio à indiferença e egoísmo do mundo de hoje, cabe de modo particular aos profissionais, habilitados em comunicação Social pela PUC-RS, serem promotores da verdade e da justiça e portadores da felicidade e amor cristão.

Minhas Senhoras! Meus Senhores!

É motivo de orgulho e de grande satisfação para a PUC-RS receber neste dia  em que comemora o 35º aniversário de sua Faculdade dos Meios de Comunicação Social, a homenagem da egrégia Câmara Municipal de nossa Capital.

Em nome do Magnífico Reitor, Prof. Irmão Norberto Francisco Rauch, e em meu próprio, como também em nome da direção da nossa Famecos e dos Corpos Docente, Discente e Administrativo da PUC gaúcha, como um todo, cabe-me expressar nesta hora, ao Dr. Brochado da Rocha, nobre Presidente desta Câmara e proponente da presente homenagem, bem como aos demais ilustres Vereadores, os mais efusivos agradecimentos da Pontifícia Universidade Católica por esta solene sessão de reconhecimento público a nossa Faculdade dos Meios de Comunicação Social. Muito obrigado!

 

(Não revisto pelo orador)

 

O SR. PRESIDENTE: Na qualidade de Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre cabe-me, primeiramente,  agradecer a presença dos homenageados que vieram nesta Casa, neste dia, para trazermos a ela os Anais e o depoimento da história. O nosso apreço ao saber. Queremos agradecer a presença das entidades dos meios de comunicação aqui representadas pelas suas lideranças devidamente formalizadas e eleitas. De outra forma, queremos agradecer a presença dos senhores professores da Universidade, assim como das autoridades aqui presentes ou representadas.

Queiram V. Ex.as levar não só o nosso reiterado apreço, mas, sobretudo, dizer que o 35º aniversário da Famecos representou para nós, como Câmara e como o ecoar da Cidade de Porto Alegre, um momento a mais para refletir os nossos anseios de uma sociedade igualitária, justa e, sobretudo, fraterna. O aniversário da Famecos ensejou esta possibilidade. Recolhemos isto carinhosamente como uma possibilidade a mais, que a Faculdade oferece a todos nós na nossa caminhada, na nossa jornada e no nosso desígnio. Muito obrigado. (Palmas.)

Nada mais havendo a tratar estão encerrados os trabalhos da presente Sessão.

 

(Levanta-se a Sessão às 18h07min.)

 

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